Nesse período de gigante hiatus, eu li alguns livros que com certeza dariam ótimas análises, mas todo
criador de conteúdo, principalmente aqueles que lidam com texto, ao passarem
pelo tal bloqueio criativo... Machado
de Assis poderia ressurgir das cinzas, me contar a verdade sobre o mistério de
Bentinho e Capitu, me implorar por um texto, mas tudo o que sairia de mim durante um bloqueio
criativo seria um belo de um nada. Por isso, caro leitor, peço desculpas pela
falta de atualização.
Eu pensava que esse blog teria muito mais análise de
livros e textos avulsos do que análise de HQs, por exemplo. No final das
contas, a gente acha que controla essas coisas, mas é de lua. Eu já
estava a fim de fazer – em formato de vídeo, porque alguns leitores amigos meus
me deram a ideia – um vídeo da análise desse arco da DC Comics de que irei falar porque eu me empolgo de verdade com esse danado! Sério, para mim, é uma
das melhores coisas que a DC Comics já criou e não sei se vou conseguir passar
com todas as emoções que sinto ao ter lido essa maravilha em um post de blog.
Tentemos.
Obviamente que você, principalmente se for um leitor
assíduo de quadrinhos, vai me chamar de maluca e eu até aceito. Concordo que
muitos outros arcos, não só da DC, ganham para esse em n quesitos, porém, há
três critérios, fora os que geralmente usamos para fazer as análises, como
traço dos desenhos, qualidade da história, etc, que me fazem amar demais Capuz
Vermelho e os Foras da Lei (Red Hood and The Outlaws na gringa). São eles:
1) A
DC juntou os três personagens que eu mais amo em uma história só,
parece até que fizeram tudo especialmente para mim.
2) Apesar
dos Novos 52 rebutar alguns detalhes que eu gostava das histórias pessoais dos
personagens, as novidades ficaram super legais.
3) Ver Roy chamando a Estelar de "minha garota". Isso já basta.
Fonte: Ana Clara Medeiros Eu SURTEI ao ler isso |
Sem
mais delongas, vamos ao que interessa. Capuz
Vermelho e os Foras da Lei nos
apresenta ao personagem destaque do título (dã!) Jason Todd, o antigo Robin que foi morto pelo Coringa e revivido no Poço de Lázaro. Ao voltar para Gotham
e descobrir que havia sido substituído, Jason fica tomado pela vingança e assume
a alcunha de Capuz Vermelho.
Depois de uns trancos e barrancos com o Batman, ele decide voltar a fazer parte
da batfamília, mas ainda mantendo Capuz Vermelho na ativa. Um símbolo de
morcego no peito já é o suficiente para saber de que lado ele está, oras.
Fonte: Google Um baita homão da porra! |
Apesar
de não ter mais intrigas (aparentes) com Bruce, Capuz prefere trabalhar como
mercenário e fazer o bem do seu jeito peculiar.
Quando uma unidade sobrenatural, mas familiar a Jason decide voltar ao mundo,
ele decide que está na hora de montar uma “equipe”, convocando a princesa de
Tamaran Estelar (que já se encontra com ele por motivos x - spoiler - ) e seu
amigo de longa data Roy Harper, que aqui está sob o codinome Arsenal.
Se
tratando de enredo, o arco é sensacional. Nas primeiras HQs, acompanhamos o
resgate de Roy, que tipicamente estava metido em confusão e o surgimento do
conflito que envolve Jason e seu passado pós-morte. A partir da solução desse
problema, vários outros eventos vão dando espaço para os coadjuvantes brilharem
também. Nós, tecnicamente, já conhecemos os Foras da Lei, pois tanto Kori quanto
Roy são personagens canonizados por suas participações no grupo Jovens Titãs, e
sejamos sinceros: uma princesa alienígena cheia de poderes com problemas de
memória e passado marcante, junto com um ex herói viciado em drogas (a batalha
interna de Arsenal nesse arco é linda e tocante, nada do tipo "venci as drogas e você também pode", tem todo um peso aqui) com o mais ácido
e engraçado dos sensos de humor, tem como ficar ruim?
O trio funciona perfeitamente, tanto separados quanto juntos. A química que fica estabelecida, o cruzamento das histórias, as motivações de cada um, principalmente as personalidades complementares. É impossível imaginar o grupo de outro jeito, com outra formação que não essa.
Tudo,
claro, gira em torno do nosso queridinho morto-vivo, pois apesar de conhecemos
Jason por algumas aparições nas HQs do Batman, – muitas em quando ele era o
Robin, o imaturo e prepotente Robin – é aqui que nos deparamos com a essência
do personagem, a desfragmentação da pose de machão que finge ignorar o passado,
que tem sangue nos olhos e falta de sensibilidade. É aqui que encontramos o
Jason Todd frágil, a criança que perdeu os pais e desde cedo se meteu no mundo do crime, o adolescente que teve sua
vida mudada do dia para noite ao se tornar um Robin, o jovem que foi morto e ressuscitado, o já
crescido homem em busca de vingança, e agora, alguém que quer achar o seu lugar
no mundo, fazendo o bem no seu estilo, punindo severamente os maus e dando
apoio aos bons.
Por exemplo, a HQ intitulada Requiem (as HQs da DC que
vêm com esse título geralmente são dedicadas a mostrar toda a vida do
personagem, estando perto da morte ou já morto. Nesse caso, trazido de volta à
vida) me fez chorar copiosamente. O monólogo silencioso de Bruce ao ver Jason
debilitado, todas as lembranças desde o primeiro momento em que seu coração
voltou a bater, em que seus olhos se depararam com as águas do Poço, com as
intenções duvidosas de Talia, seu treinamento com a Liga das Sombras, até mesmo
alguns momentos da sua vida de Robin, é um compilado incrivelmente
bem escrito, desenhado, um prato cheio para fãs, tanto do trio quanto do Jason,
até mesmo do próprio Batman.
Fonte: Google. Primeira edição. ABAIXA QUE É TIRO ESSE TRIO! |
No quesito traço dos desenhos, eu tive um misto de
alegria e decepção. Nas 15 primeiras edições, os desenhos são sem igual de
lindos! Foram os designers mais bonitos que eu já vi para cada um dos
personagens, principalmente para Kory e Roy. Passados os 15, com a mudança
abrupta de desenhistas, os traços ficam estranhos para não dizer horríveis, com
direito a Estelar com uma espécie de máscara sobrancelha, Roy com cara de
valentão do ensino médio de animação infantil e Jason... Não tenho nem palavras. Tive de ser forte
para aguentar até o fim.
Infelizmente, as edições finais perdem um pouco do ritmo
frenético do início e meio do arco, que são dotados de aventura atrás de aventura, e na conclusão, temos os predecessores
da separação do grupo (fica previsível, não foi spoiler) com uma coisinha aqui
e ali, mas nada que fosse de tirar o fôlego ou te fizesse ir atrás da edição
seguinte morto de curiosidade. Mesmo assim, a qualidade total da obra,
principalmente para quem é fã dos três é inegável, e vale total a leitura.
Em um dos critérios apresentados por mim, ao que se
refere a mudança nas histórias pessoais dos personagens, aqui vão algumas minhas observações:
1) Estelar e sua irmã rendem umas quatro edições muito boas, desde a relação
entre elas, que está diferente da original, até uma Kory capitã de Enterprise!
Sua história com a escravidão e a Cidadela permanece similar ao que era antes
dos Novos 52. 2) Menções honrosas a Jovens Titãs, o romance entre Dick e
Estelar... Me doeram lá no fundo da alma de fanboy. 3) Em nenhum momento
mencionam o romance de Donna e Roy, e quer saber? Eu achei melhor assim.
E claro, não poderia deixar (jamais!) de comentar o ponto
alto desse arco: ele está inserido em outro arco! O famoso Morte da Família
(não o Morte na Família, aquele lá que mostra o Jason morrendo) onde o Coringa ressurge
depois de um ano com seu rosto arrancado e colado de volta, tocando o terror em
todos os membros da batfamília. O encontro dele com Capuz Vermelho é de
arrepiar. Cobrem-me urgentemente por uma análise de Morte da Família. Essa com certeza pedirá vídeo, balde de
pipoca e energético.
Para os que não entendem muito bem a linha temporal da
DC, e vocês vão entender porque deixei isso para o quase fim do post, é o
seguinte: sempre que a DC enjoa de como as coisas estão indo no universo dos
heróis, seja por baixa venda das HQs ou por acharem mesmo, tanto faz, eles
rebutam as histórias para começar tudo do 0, mantendo ou descartando
personagens. Os Novos 52, por exemplo, foi um reboot de 52 histórias da DC.
Esse período ficou conhecido por um dos mais sombrios da editora, as HQs
assumiram mais melancolia e seriedade nas histórias, o que particularmente me
fez ficar ainda mais apaixonada, mas não agradou muita gente.
Recentemente, a DC resolveu rebutar mais uma vez,
chamando o evento de Rebirth (Renascimento, para nós). Capuz Vermelho e os
Foras da Lei sofreu com isso, tendo o trio magnífico em química, espírito e
tudo mais sendo substituído por Jason Todd (que obviamente não deixaria seu
posto), Ártemis (não a da série Justiça Jovem. Aqui ela é uma amazona fodona,
deixa-se de passagem o easter egg) e Bizarro, aquele projeto do Superman que
não deu certo e dá as caras de vez em quando.
De cara, não coloquei fé nenhuma nessa mudança. Os traços
das primeiras edições são ainda mais perfeitos que os do arco antigo, tenho que
confessar, mas já a partir da 10ª edição, passam para desenhos que até eu mesma
faria melhor (não estou brincando). O enredo é razoavelmente bom, muito mais
focado no Jason do que no arco antigo, o que por um lado é bem legal. A primeira
edição é de matar, recheada de universo Batman, conflitos internos e tudo o que
a gente gosta no Jason. Quando o negócio começa a se expandir para o grupo em
si, a coisa complica, porque ao contrário de Roy e Estelar, nós não conhecemos
tão bem Ártemis e Bizarro, e os dois, para ser bem sincera, não parecem ter
muito a oferecer. O roteiro só faz seu trabalho de não nos matar no tédio,
ponto.
Creio que devido às baixas visualizações que o arco
estava dando para os sites que compartilham de graça as HQs traduzidas, o
pessoal parou de ir atrás. Estou em um limbo eterno sem poder ler a partir da
12ª edição, e quando se trata de procurar pelas edições americanas, encontrá-las
online é raridade. Quem tiver disponível, inclusive, deixa nos comentários!
Seria de muita ajuda. Quero ler o resto para saber como as coisas deram
andamento.
Foi dando a nota 5.5 para Capuz Vermelho e os Foras da
Lei versão Rebirth que lembrei de algo que sempre me puxou a orelha: analisar
uma obra apoiando-a em outra que já existe. Percebi o quanto é difícil não
fazer a comparação e o quanto que a expectativa pode acabar ou não com sua
leitura. Decidi olhar por outro ângulo: 5.5 em uma análise comparada, 7.0 em
uma análise individual, visto que não tenho mais noção do que está acontecendo
no arco mais recente, já que não tenho mais acesso a ele.
Pois é, caros leitores: lendo e aprendendo.
Fonte: Google Novo trio, sem sucesso |
Deixarei disponível aqui os sites que uso para ler gratuitamente e online Capuz Vermelho e os Foras da Lei, tanto Novos 52 quanto Rebirth.
Vocês querem mais análise de quadrinhos? Digam nos
comentários quais vocês querem que eu leia para trazer análise!
Prometo que minhas próximas leituras de livros virão para
o blog novamente em breve!
Quanto aos avisos, são as típicas e já conhecidas
desculpas pela falta de post. Decidi estabelecer metas pessoais para mim mesma,
me desafiando a ler mais, apesar de estágio e faculdade, e publicar mais. Penso
também em trazer outros colaboradores de conteúdo para o blog, mas isso é com o
tempo.
Eu agradeço a paciência, a fidelidade e todo o feedback
que puderem me mandar! <3